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sexta-feira, 28 de março de 2014

E o cigarro se apaga

Acendo mais um cigarro
De um maço ferido
Inalo o fumo que arruína o corpo
E me enaltece a alma

Nas noites húmida
Na rua escura
De bolsos vazios
Escuto os silêncios barulhentos

As janelas a fechar
Portas a ranger
Nos salpicos de súplicas
Na tosse dos solitários

As batidas fortes
Entre bebidas erguidas
E sorrisos embriagados
De abraços reais apenas pelo momento

Esvazio a alma de tudo e de todos
Contemplando a noite
E na menina do olho
Na retina do leito avisto o rio

Rio Douro
Aquele que viu nascer o menino
E o homem poeta
Invicta esta cidade
Que me aquece a alma

Entre ruas estritas
De gentes caricatas
E vazios genuínos
De segredos bem escondidos

Faço deste meu lugar
Este que me viu nascer
Meu escudo
Minha espada de prontidão

Erguendo as muralhas da angústia
Numa nostalgia lacrimal
Que me torna lírico
Poeta sentido
Neste poema que me viu crescer
E o cigarro se apaga
Adiando mais uma vez
A esperança de te ver sorrir

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