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terça-feira, 5 de outubro de 2010

Na memoria de quem guardo

Na memoria de quem guardo,
Que se levantem agora os ventos contra mim,
Não são lágrimas que te entrego,
Nesta hora de tristeza,
Não assumo planos nem futuros que não construi,
E entro no desgosto profundo,
Limitado a nada, sem alturas para subir,
E no limiar do que me é oculto,
Rasgo meu corpo entre sangue e ossos de po.
No silencio que me revela o grito
No amanhecer que nunca será meu
Porque ninguém é de ninguém,
E só podemos fazer parte ou não da vida de alguém,
E são nessas encostas que caiu no pilar da vida,
No meu cemitério da sorte,
Soltando gritos de guerra entre sinais de fumo,
Tiro a corrente que me prende ao mar,
E entrego a flor que plantei nos espinhos que a vida me deu,
Nunca aprendi a ganhar mas aprendi a perder,
Nunca aprendi a receber mas aprendi a dar,
E me afogo sem luz no espírito que me consome a alma,
Agarrado ao patamar do sonho,
Sentindo o que nunca senti,
E meu corpo imoral agarrado ao pecado,
Envelhece na dor desenfreada a não envelhecer na morte,
E se chegares entre passos leves sem avisar,
Se clemente com minha alma
Que arde na fogueira que queima em mim
E se me entregares ao solo para ao pó voltar,
Guarda meu nome escrito em um pedaço de papel,
Recorda meu sorriso espalhado na brisa do sol,
No tempo em que havia gloria e um esplendor, no tempo em que havia respeito e amor
Meu olhar esta gasto nas intempéries que o mundo causa,
Meu corpo esta doente pelo pecado,
Minha boca se afasta do veneno da serpente,
E já caminho nas memorias esquecidas,
Parado no tempo sem pressa para andar,
Pois não tenho para onde ir,
Grito mas ninguém me consegue escutar,
Na rouquidão que me tira a voz,
E cada palavra solta, destrói segundos de silencio brando de mares e desertos,
Crescendo entre pautas de violinos com cordas gastas,
Ofuscando minha boa vontade,
Solta meu ar que não respiro,
Dá-me um sorriso falso se assim for,
Mas não me negues a verdade,
Nem destruas a alma marcando um coração para sempre
.

1 comentário:

Fernanda Rocha Mesquita disse...

Caminhos, espacos, sentimentos,lufares por onde passam todos aqueles que sentem a vida para alem das coisas que vemos. Gostei.