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terça-feira, 2 de novembro de 2010

Eu sou a Rua

Eu sou a rua
Em cada esquina
Nua e crua
Em cada avenida

Rua escura
Noite de aventura
Rua que perdura

Eu sou a rua
Minha e tua
Tua e minha
Rua Sou Eu

Rua do amor
Na luz que se reflecte
Rua do sonhador
Na calçada que se esquece

Nua e crua
Serei eu a rua?
Despida pisada
Cuspida, vomitada
Que me inspira
Rua respirada

Sou a rua
Abandonada pela madrugada
Esquecida sem morada
Vagabunda em cada jardim
Louca e desbravada
Rótulo de Alpendrada
Sou rua atravessada
Sem destino ofuscada

Sua a rua
Sem vestido
Sou a rua porto de abrigo
Sou a fome
Da voz do que digo

Sou a lembrança
Sou a droga
Cocaína da china
Sou a única que te aborda

Sou a rua
Criança que nunca dorme
Sou a rua e não tenho nome
Sou a dor em forma de amor

Sou lanterna apagada
Na alvorada desforrada
Sou a morte matada
No jazigo da Alpendrara

Sou a rua
Em bravura
Aquela que abraça qualquer loucura
Aquela que te abraça pela cintura

Sou minoria
Enterrada na terra
Sou delinquente na tituria

Sou barbante de infantaria
Semente sem segmentaria
Do povo que se revela com euforia
Sou galope em correria

Sou a rua
Capitão sem barco
Estou sempre nua
Peço o vinho
Em cada embargo

Eu sua a rua
Dona tua
Amor em dor
Dor em amor

eu sou a rua
dona de meu próprio caminho
aquela que nunca vira a cara aventura
eu sou a rua o teu único amigo


1 comentário:

SolBarreto disse...

Gosto muito dos seus poemas e das musicas do seu Blog!