Eu sou a rua
Em cada esquina
Nua e crua
Em cada avenida
Rua escura
Noite de aventura
Rua que perdura
Eu sou a rua
Minha e tua
Tua e minha
Rua Sou Eu
Rua do amor
Na luz que se reflecte
Rua do sonhador
Na calçada que se esquece
Nua e crua
Serei eu a rua?
Despida pisada
Cuspida, vomitada
Que me inspira
Rua respirada
Sou a rua
Abandonada pela madrugada
Esquecida sem morada
Vagabunda em cada jardim
Louca e desbravada
Rótulo de Alpendrada
Sou rua atravessada
Sem destino ofuscada
Sua a rua
Sem vestido
Sou a rua porto de abrigo
Sou a fome
Da voz do que digo
Sou a lembrança
Sou a droga
Cocaína da china
Sou a única que te aborda
Sou a rua
Criança que nunca dorme
Sou a rua e não tenho nome
Sou a dor em forma de amor
Sou lanterna apagada
Na alvorada desforrada
Sou a morte matada
No jazigo da Alpendrara
Sou a rua
Em bravura
Aquela que abraça qualquer loucura
Aquela que te abraça pela cintura
Sou minoria
Enterrada na terra
Sou delinquente na tituria
Sou barbante de infantaria
Semente sem segmentaria
Do povo que se revela com euforia
Sou galope em correria
Sou a rua
Capitão sem barco
Estou sempre nua
Peço o vinho
Em cada embargo
Eu sua a rua
Dona tua
Amor em dor
Dor em amor
eu sou a rua
dona de meu próprio caminho
aquela que nunca vira a cara aventura
eu sou a rua o teu único amigo
1 comentário:
Gosto muito dos seus poemas e das musicas do seu Blog!
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