Não te sei escrever
Na tinta que cobre o papel
Nem ouvir- te dizer
Ninguém me ouviu
Trabalharem-mos então dia e noite
Entre as formigas
Talharemos então o amor
Afastando o inverno
Fare-mos círculos e fogueiras destintas
E cantaremos a um anjo qualquer
Desses caídos, sem redentor
Faliremos línguas extintas
E dançaremos sobre a lua do poeta
Aquela de porta aberta
Que nos aproxima de um amanha
De lábios húmidos, não omitiremos mais os beijos desejados
Seremos lembrados pelo verso
Que a alma teceu
E esquecidos pelo que o corpo rompeu
Quais reis do nosso universo
Despojaremos vontades
Subindo montanhas
Para largar saudades
Arrancando as entranhas
Visitaremos o sol
Num dia nocturno
E faremos da viajem
Um ponto de passagem
Unificando todos os eus
Num só eu
E se a terra tremer
Que se abre então
Engolindo tudo que nos resta
Do eu
Do tu
E dos eus
Sobraria então uma pequena desunião
Unificada em prontidão
E o lamento nada mais seria
Que uma história para contar
Em versos descartáveis
Em quadras populares
Em dias de festa
Erguendo mais um altar
E se eu fosse poeta la saberia amar
Ou escutar uma nova melodia para cantar
De boémio ao copo levantar
E as saias das moças ver girar
Mas se fosse poema
Na alma que bombeia
Da medula ao coração
Saberia então o que rascunho
Com tanta emoção
e te escreveria sem tinta no papel
apenas com o dedo em tua pele
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