Entre as vozes que se calam
Corações descartados
Palavras sem direcção
Quando queres encontrar
E não podes ser encontrado
Na primeira coisa que vês ao abrir os olhos
No dia do adeus
Em que nasci no verão
Regressando da tempestade
E tudo são círculos entre labirintos
E quem quer entregar
Encontrar algo bom
Na primeira noite
Em descobrir o amor
E todas as estradas e caminhos
Perdidos e escolhidos
Se perderam sem sabor
E todos os segredos
E medos escondidos
Já saíram buscando
Novos prazeres
Novos sentidos
E o orgulho que tomou o amor
Ficou com sua destruição
Saltando de solidão em solidão
Entrando de loucura em loucura
E quem tomou nosso lugar
Será que soube fazer diferente
Será que soube escalar montanhas sem cair
Será que subiu sem querer descer
E voltar ao passado
Será que soube sonhar
E esse presente que muda o futuro
E esse passado que condena o agora
Entre beijo que ficou por dar
O abraço que hoje ainda chora de esperar
A palavra que teve medo de se ouvir
E se sentimos falta de nos
Não será para dizer
Como e possível roubar a própria vida
Fazer dela nada e esquecida
Trazer lamentos sobre as sombras
Tornar essa alma perdida
Minha carne e fraca
Pecado de pecados
Entregando minhas cinzas ao vento
Sem norte entre o sul
Cada cavalgada em meu peito
E uma dor sem destino
E um dia sem fim
Na noite que se avizinha
E não poderei ser grande entre os pequenos
Nem pequeno entre os grandes
Estarei sempre presente
Mesmo ausente
Esperando o dia da libertação
E os nossos céus se abrirão
Nossos olhos saberão para onde caminhar
Rumo ao infinito
Rumo ao horizonte
E se essa verdade for um mito
Que o seja
Entre a esperança de a encontrar
Sorrindo aos mares
Chorando entre os rios
Pois sei teu nome
Mas não sei quem és.
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