o homem do vento
dança através dos tempos
não tem morada
casa ou assoalhada
o vento do homem
não tem natalidade
uma primavera para desflorar
caminha sempre sozinho
entre os campos por brotar
não traz tesouro
riquezas ao mau agoiro
caminha sempre devagar
o homem do vento
é alto
mas no entanto
não chega onde quer chegar
nem sequer lembra quem quer lembrar
o vento do homem
é forte e estridente
é eterno e carente
é um coração
que se transforma
em esperança de viver
vinho que se bebe sem razão
videira podada
por quem mais alem quis ver
bandeira saudade
difícil de reconhecer
o vento do homem
é silencioso
astuto e doloroso
com feridas por curar
em promessas de um altar
eterno entre um pequeno soluçar
o homem do vento assume chorar
nunca vem para ficar
e acorda sempre sem se deitar
o vento do homem
não guarda o amor que tem para dar
o homem do vento sabe que não foi feito para la ficar
o vento do homem sabe que amor só é amor quando o pode dar
retorna sempre a quem o acolheu em sua morada
reconhece sempre quem o levantou na sua queda
nas tempestades da vida na dor que consome
o homem do vento
o vento do homem
é o tempo parado
a viagem para o interior da alma
uma proa forte mareando
procurando ternura entre as nuvens
ser rei sem reino nem esplendor
construindo um novo mundo no amor
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