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quarta-feira, 27 de outubro de 2010

E quem chama se aproxima

Quem vem do alto
Descendo a nuvem do sonho
Angustia e ternura
Que se afoga na loucura

Desespero esperado
Corpo acorrentado
Espírito derrotado

E quem chama se aproxima
Qual voz qual cantiga
Qual poeta em plena estima
Em cada palavra que não lhe é amiga
Em cada brisa de seu estigma

Quem vem do alto não se aproxima
Não se resigna
Não se entrega
 Mordendo seu próprio calcanhar

E se o poder é só o ter
Onde esta a razão?
Se para ter basta saber ser
A palavra que deu uma bela canção

Gritando ao escuro da noite
Os segredos escondidos
Na palavra incerta
No momento em que o coração aperta

Nesse pecado de pecar
Só não aceita quem não quer aceitar
Talvez seja mais facial disfarçar
Ou mesmo não se saiba amar
Talvez o prazer de odiar?

E quem chama se aproxima
Qual voz qual cantiga
Qual poeta em plena estima
Em cada palavra que não lhe é amiga
Em cada brisa de seu estigma

E se essa voz que morde pela calada
Que entra pela assoalhada
Sem cara sem morada
Suas unhas me cravam

Que nunca utilize a minha palavra
Deturpando razões
Reiterando emoções
Entregues a novas sensações

E quem chama se aproxima
Qual voz qual cantiga
Qual poeta em plena estima
Em cada palavra que não lhe é amiga
Em cada brisa de seu estigma

Nessa voz que é só minha
 Que nunca a tentem calar


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