Somos teclas de um piano
Que desafinado diz olá
Apanhando o tal comboio
Numa esquina desafinada
Na gare destinada
Somos a voz que se eleva no silêncio
Palavra calada
Somos rua pelos sapatos calcada
O horizonte do mar imenso
Somos a cadeira deitada
Que nos faz manter de pé
O suor perfumado de uma guerra lembrada
Os corpos marcados pela fé
E ressurge mais uma manha
Que nos amanhece
Sem nos perguntar
Se queremos acordar
E chega o beijo
Nas asas do vento
Leve nos lábios
Que perguntam como esta?
Sem saber esse nome
Escrevo entre a sorte
Tentando descortinar
Porque o sol queima
Quando ainda esta noite
Digo de onde venho
Mesmo sem saber onde pertenço
Tudo gira parado
Como o colorido de uma flor
Que nasce no fim do dia
E tu pagas o café
No azedo do açúcar
Mexendo os dedos fechados
Abrindo a alma pela primeira vez
Perguntas quem pode levar a mal?
Enquanto eu bebo
O resto do inicio
Do vinho em minha boca
Sonhando com o beijo
Que não te dei
E ressurge mais uma manha
Que nos amanhece
Sem nos perguntar
Se queremos acordar