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sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Na menina do olho do inimigo



Desfolhadas enraizadas
Entram armas
Tiros e calamidades
Na alma do poeta

Cai discreta
De porta aberta
O potro tropo
Em cordel de engodo

Soltam-se vozes
Silenciosas atrozes
Corpos nus
Dores de mendigo

E fica uma nação em perigo´
Na menina do olho do inimigo
Se soltam as feras
Entre dentes e esferas

O zé povo que fique com as esperas
De tenda na ponte
Com o céu como tecto
Vivem das cidades do deserto

Praticam a fome abrupta
Feiticeiros da desgraça
Polidores de oblíquos
Em sua força bruta

Soltam coices
E arroiasses
Fazem xailes
Com fogo
E archotes

Roubam velhos
E pequenotes

Desfolhadas enraizadas
Entram armas
Tiros e calamidades
Na alma do poeta

Somos

Todos os sonhos estão presos
Por um fio frágil de esperança
Que corre num leito
Que seca abruptamente

Todos somos filhos de alguém
Todos somos filhos do mesmo Deus
Somos sombras coloridas em dias de sol
Sombras esculpidas em dias cinzentos

Somos beijos suaves
Húmidos de desejo
Saciado por um simples sorriso
Quando a sinceridade, entra e a cortina mexe

Lentamente nos fazendo imergir
Em partículas universais
Do saber, do querer
Mais sonhos para viver

Somos a partida
Somos a chegada
Sem bagagem
Na nudez que nos trouxe ao mundo

No materialismo desnecessário
De querer, e não poder ter
O que na verdade não importa
Sem saber o que existe para lá do mar

Entre a lagrima vertida da saudade
Essa que verdadeiramente corrompe a alma
Que nos habita
No profundo de cada ser

Dos destinos

Videira madura
Caminho distante
Jorrando água pura
Como pedinte errante

Folhas que caem
Pétalas que nascem
No primeiro
Dos primeiros passos

Quem vive hoje sou eu
Nas escarpas do meu nascer
Quem morre hoje sou eu
Porque quero voltar a viver

Ser cavalo alado
Sem ferradura
Livre e amado
Galopando as moradas incertas

Dos destinos
Sem destino
De uma tela por pintar
Nas cores de um novo hino

Que iça bandeiras novas
Ao som das trompas do vento
Que anuncia boas novas
Na força do alento

E suavemente surge

Deitado em meu quarto
Escutando o silêncio das estrelas
No meu coração o abstracto
Atingido por um cometa na tua devoção

Eu sinto teus sentimentos
E sei que é uma melodia de amor
Eu me lembro de todos os momentos
Que no próprio frio me aquecestes em teu calor

Olhando em teus olhos
Vejo as barragens abertas
As águas discretas
E mesmo sem me pedires
Eu sussurro baixinho
Algo que quero contar
E suavemente surge a pergunta
Sabes? Eu aprendi a te amar

Eu sinto teus medos
Eu sinto teus segredos
E sei que soa a amor
Mesmo na dor

Essa devoção
Arrancada do teu coração
Soa a amor
Mesmo que nunca exista uma razão

Eu sempre falarei baixinho
Meu amor, meu amor

Murmúrios de cimento

Murmúrios de cimento
Corpos caídos pelo tempo
Húmidos e transparentes
Rajem em seu interior os dentes

Num semisfério solto
Pleno de vontades
Se alegram com todo o tipo de aborto
Procurando ser divindades

Desérticas, patéticas
Num mundo que se torna pequeno
Para tantas coisas irreais
Várzea o homem o pipo da vinha

Frustrando frutiferamente
O infiel coração
Que se apresenta puro
Na sua própria condição

E se erguem soltos
Sempre soltos em aplausos
Qual coliseu romano
Tornando o povo insano

Pão sem fermento
Agua salgada
E toda a palavra
Se torna ancorada
Entre o nada
Que poderia ser simplesmente tudo

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

O meu universo!

Por vezes somos tão fracos
Que nos tornamos inimigos
Fartos de tanta fartura vazia
Que nos deixa sem sentidos

Qual ponteiro de um relógio
Que não para e dispara a cada segundo
Rodeado de barulhos ocultos
Mesmo quando meu corpo já não usa a roupa suja
Que não mudo

Na lama de meus olhos
Nos cheiros fortes e ao mesmo tempo triviais
Que se espalham turisticamente
Pelos canaviais da minha mente

Me tirando a vontade
De agarrar historias
Belas, sofridas ou de amor
Que me deixam pleno de saudade
Das derrotas apos vitorias

De melodias vibrantes
Entranhadas em meu corpo
Que me faziam doar
Entre terra e o céu
E no mar salgado adormecer
Sem medo de me afogar
No universo que é mais forte do que eu

remendo

Se isto é liberdade
Então ela que fuja entre os dedos
Como areia seca
Que não se agarra

Se este grito esta livre
De algemas
Então a mentira
Tomou conta da verdade

No topo de uma colina
Onde a agonia
Habita em cada coração
Numa voz quieta

São colinas quebradas
Almas desamparadas
Presas por si próprias
A um remendo
Que não suporta mais
Tanto peso
E em breve se rasgara
Não lentamente, mas abruptamente

Mesmo se não podermos

Ruge o leão
Na selva sem selva
Do homem e sua rectidão
Chega a verdade
Trazendo desilusão
De quem aceita com prontidão
Que este mundo recto
Precisa de andar em contra mão

Loucos são os loucos
Sábios loucos
Que por não omitir a mentira
Na verdade se tornam
Loucos

Bem-vindos a justiça do mundo
Erguido por tabernáculos
E poderes ocultos
De infâmia moralidade

Vinde e resolvamos
As coisas entre nós
Amorosamente
Diz o Deus vivente

Mas pode um cego guiar outro cego?
Pode um coxo correr?
Mas tão pouco
Posso escolher
Que devo reconhecer

Se a verdade se tornou mentira
Então a mentira será verdade
Neste mundo
Em prontidão da sátira

Eu vejo
Astutamente
O homem a se erguer
Na mais bonita mentira
Oh Sabio, sábio pensador
Nem os anjos
Serafins terão compreensão
Nessa dor

Mais acima estão os querubins
Na mais bela hierarquia
E no topo
Aquele em que a palavra é viva
Terá sempre o condor
Da bentidade imerecida
De nos entender
Mesmo se não podermos
Entender que nasceu
E numa estaca de tortura morreu
Porque alguém deu o que ninguém deu
O melhor de tudo que poderia dar
O mestre-de-obras
O aprendiz fiel
O arcanjo Miguel
Nosso salvador

Filipe Assunção

Quando

A prontidão do homem
É uma correria sem espaço
Ardente, sedenta
Em orgulhos fieis

Fúteis de futilidade
Inúteis
Pedem bênçãos aos céus
Quando na terra
Cometem os actos mais cruéis!

Como poeta

Não posso negar que as vozes do silêncio se tornaram estridentes
Em meu corpo já sem corpo
Jogasse o diabo ao meu conforto
Numa tentativa de me tirar o sopro
Na alma que me verte a lagrima
Do que ainda resta da vida
Do que ainda resta dos silêncios
Imprudentes e sufocantes
Erguendo vendavais
Em dias que já não amanhecem
Deste tempo vivente
Que apenas traz a morte vivamente
Escrevo o fado nesta alma emprestada
Escutando o choro
Que se liberta em minha face
A cada dia que me acordam
Do meu sonho, meu poema
Sem me perguntarem se quero voltar acordar
Como poeta ou apenas como humano em linha recta

Em minhas narinas poluídas

Oh…. Sopro, sopro maldito
Que me negas o ar
Que se espalha com o vento
Com as palavras cruelmente ditas

Que me tornam cruelmente inútil
Um bicho estranho
As vezes imprudentemente maluco
Vilãmente Infamo

Nas ruas que meus passos pisam
Nas palavras que invadem a mente
Nos sentimentos que me dirigem
Só a alma não esta doente

E o sopro me dita
O tempo da dor
A dor no tempo
E quantas lagrimas irão cair mais

Pelos meus jardins
De canteiros já secos
E flores já murchas
Nem as vertentes
Águas faciais
As erguem

Mas como tudo
E como o tempo
A minha alma também envelhece
E o sopro desvanece
Em minhas narinas poluídas
Pelo pó da injustiça

E o povo grita
Mas como eu
Também sabe
Que nada fica
E tudo mais é ilusão