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sábado, 25 de fevereiro de 2012

Ressurge a vontade de agarrar o vento


O tempo não ousa em parar
Sua cobardia não permite tal renascimento
Ressurge a vontade de agarrar o vento
Inutilmente em tentativas e cruzadas

O vento não se deixa enganar
E a saudade ganha sua força
Como uma lágrima vertida
Outras desejam verter

A ruína e total
O sorriso, uma miragem
Um beijo apenas uma lembrança
Ofuscada muito distante

Ficam velas içadas
Belas apagadas
Em faróis e barcos
Ao velho e sorrateiro vento

A boca seca de pouco falar
Deseja o último suspiro
Um por do sol
Por nascer

Aguas derramadas
Consumidas pela ferrugem
Se espalham
Nesta alma por nascer
E tudo finda


quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

primeiro dos primeiros passos

Posso ser eu, podes ser tu do lado da janela embaciada pelo tempo, acorrentado a uma cadeira na ânsia de o sol brilhar cancioneiro de tantos sonhos. Lamparinas apagadas, por um passado bem presente, ou apenas uma árvore sem raízes perdendo suas folhas pelo Outono. Uma voz calada que tenta falar no silêncio, um amor desfeito pela tempestade, qual castelo de areia desmoronou num mundo erróneo. A nudez da lua longínqua como um deserto que queima nossa boca um mar de temperamento brando transformado na maior das intempéries onde a alma pode ressurgir sozinha, discreta pela sua nudez no primeiro dos primeiros passos gritando vitoria em um cenário de derrota. Podem teus olhos chorar lágrimas ao vazio e teu corpo abraçar o invisível da espera e até o fruto ser doce no meio de tanta amargura. São teus pés descalços, passos teus para quem tenta caminhar mesmo com a janela fechada.

Agora que te aprontas


Posso sentir a chuva
Agarrar o cabelo
Perto do que antes estava longe
Desnuda em alma
Tentando agarrar o vento

Ser o toque
Em uma possibilidade que foge
Se eu não consigo sentir esse respirar
Nas asas que não são minhas

Agora que te aprontas
Retardando o sol nascer
E vida escasseia por um tempo indefinido
Onde a procura apenas retarda o nada

E o cabelo se solta
Qual criança perdida
A corda se quebra
E o vento fica mais forte

Qual garrafa sem rolha
Guerreiro sem armadura
O sol se amostra
Onde o olhar se esconde

A vida em si
Que cresse lentamente
Guerreando por um lugar
Onde o destino se comprometa
Regulando a distancia

Quem te acolhe por agora
Onde o mundo se esvanece
Na razão que foi trocada pela demora
Entre esse passo que envelhece

Seja a primavera ceifada
A última colheita
Em que meus olhos se abriram
E teu corpo se despiu
Ate a próxima alvorada