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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Dialectos do vazio


Hoje seguro meu coração
Como um menino que chora
Sem razão
Sem solução
Infeliz com a demora

Choro porque choro
Sem procurar a solução
Caio ao chão
Que a vida em mim amassou
Sou pêndulo
Caído
Relógio parado
Barco ancorado
No dia sem fim
E de quem me lembro
E que já chamei
Foi assim que um dia amei
Na dor que me toma de assalto
E me derruba as muralhas
No morrer do sol
Sou pássaro
De bico no anzol
Fechado em uma gaiola
Acorrentado ao passado do agora

Carminda:


Recorda teus bons momentos e preenche este vazio, logo mais estarás acolhido por quem te amas.

Anacleto:

Esperando eu quem já não espera por mim
Porque?
Porque espero
Essa hora

Carminda:

Pq. falas assim?
Ela te espera sim

Anacleto:

Esse segundo onde a dor
Me destrói o amor
Gloria para o céu
Chuva para a terra
Queima qual deserto incerto
Sou soldado derrotada
Poeta desincorporado
Pela vida mal tratado
Mas que agora?
Se levanta agora em mim
Nesta corrida que inicio no fim
Será que me ouves?
Ou apenas me tentas escutar

Carminda:

Ela te ouve

Anacleto:

Será que me podes apenas abraçar?

Carminda.

Eu te ouço

Anacleto:

Será que lá longe ainda existe esse luar
Esse olhar
Que um dia me pediu para ficar
Essa voz que falou em amar

Carminda:

As nuvens passam e a lua aparece

Anacleto:

Em palavras que não quero lembrar

Carminda:

Sinta

Anacleto:

Mas vou lembrar
Nesse mar que me incendeia

Mergulha

Não existe ar
Como posso respirar?
Sem teu corpo para beijar
Sem tua alma para amar
A quem poderei eu contar
Meus sonhos de sonhar

Aos olhos de quem te quer bem
Castigo
Consentido
De quem quer
E não encontra um abrigo
Nesta noite fria
Nesta rua vazia
Acende a lareira
Onde a luz se torna apenas escuridão
Partindo eu para a terra que me acolhe
Junto para ti um batalhão de vaga-lumes para guiar-te
No meu leito
Na minha própria morte
E morro de pé
Pois já vive toda minha existência de joelhos
Este caminho que te parece sombrio
Esperando esta hora em que meus olhos fecham
Apenas descansam


Dialectos do vazio por Anacleto Esteves e Carminda das Rosas 

4 comentários:

SolBarreto disse...

Gostei do novo visual do Blog...e das novas musicas tambem...
Talvez o Anacleto tenha medo de viver...e por isso espera por quem ja não espera por ele...
Ás vezes a felicidade, o amor batem a nossa porta ou cruzam nosso caminho e por medo não percebemos ou não reagimos e eles se vão...mas o bom e que as vezes podemos concertar isso....outras nao...

Anónimo disse...

porque tanto vazio?
a pouco me prometeste que serias feliz,
mas não é o que parece!
Tomara que eu esteja enganada!

Lauana Gomiero disse...

Confesso que não li os textos, mas deu para perceber que há muito conteúdo. Fiquei maravilhada, encantada com suas imagens, com as fotos.
Parabéns pelo blog.

Mariane disse...

Há desejos que o coração aguarda pacientemente o desvelar
Há sonhos que esperam o romper do dia para se realizar
Há parcerias que trangridem qualquer condição favoravel ao encontro e acontecem
Há leituras que são compreendidas antes mesmo de se tornarem letras...
E há tanto mais para ser dito, que viver uma vida parece não ser o suficiente...
E há de ser...