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terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Os gritos dos aflitos



Reclamas sem pudor
Sobre meu corpo despido
Nas raízes que em ti viste crescer
Reclamas do meu amor
Tão forte não querias tu que fosse

Asas de quem quis voar
Sem se entregar a dor
As passagens nuas
Por cumprir

Os gritos dos aflitos
Que caminham para alem do ser
Onde me perco sem razão
Onde me vi nascer

Recantos e súplicas
No convite da alma que te viu crescer
Ela não duvida
Que teu corpo  sangra
Em vida
No amor alem de quem dor

Reclamas porque o ceu e azul
E o norte do sul
Será sempre o sul do norte
Reclamas porque a noite e muito escura
E o dia muito claro

Expoente onde eu sou pendente
Nas graças de quem me quer
Eu colho frutos sem fim
Tu recolhes beijos por dar

Eu ressurjo
Tu te escondes
Eu me incendeio
Tu te tornas cinzas

Eu apenas amo
Tu apenas dizes amar
A areia sempre morna
Para tanto deserto escaldante

As tempestades que cá ficam
São aquelas, que não deixaste partir

A muito
A muito do tempo
Em que eras apenas uma criança
Com um sonho
E eu um pequeno balão

Escutei teu ar
Teu vento
A sombra do mar
Criamos segredos
Entre nossos medos
Planos secretos para o mundo enfrentar
Tu eras o escudo
Eu a lança
Eu o amargo
Tu o doce
E nisso tudo
Na verdade que já passou
Construímos nosso nome
Na base nos claustros
De nosso amor
E sempre soubemos escalar
A vida de mão dada
E sempre o céu olhar
Agora para de reclamar

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