Seguidores

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Brindemos

Estou ridiculamente apagado
De olhos cansados
Em olhares ao horizonte tempestivo
Que se aproxima como tempestade no mar

Estou agitado como o vento angustiado
Neste deserto de cimento
Onde o homem terreno rasteja
Como víbora sobre os catos espinhosos

Estou cruelmente encantado pela vida
Esta que desgasta qualquer corpo
Esta que se arrasta enraizada-mente no centro da medula
E nos adormece o coração

Estou como quem exige demais de mim próprio
E nada exige dos outros
Estou perdido num labirinto
Onde os que exigem dos outros
Nada exige de si próprios

Estou içando velas
No sorriso enganador
Que me foi entregue
Como erro de tropeção

Estou como terra molhada
Lama plantada num pântano sem fim
Esquecendo a minha morada
Esquecendo de mim

Ouve o silêncio, ouve os tempos
Deste circo remendado
Das estacas erguidas podres em sentimentos
Onde ninguém é lembrado

Ouve o silêncio das correntes
Das guilhotinas que te rasgam
Em fúteis mentes
Que tua boca amarga

Ouve a fragilidade da própria lagrima vertida
Do amor extinguido
Da mentira nunca vencida
Que transforma a pureza impura

Ouve o justo a ser calcado
Neste mundo de pernas para o ar
É esse que esta errado
Enquanto os outros, essa maioria
Desbasta tudo, destrói tudo só com o ar que respira

Ouve a alma que pranteia
Na palma da mão estigmatizada
Pela espada da injustiça
Que se ergue sobre o justo

Ouve Deus teu povo
Aqueles que te são fieis
Aqueles que não se viram para a direita
Aqueles que não se viram para a esquerda
Aqueles que ouvem em seus próprios ouvidos
Este é o caminho não olhes para trás

Brindemos aos abutres
As aranhas nocturnas
Aos venenos letais
De bocas destruidoras

Aos incêndios florestais que corroem a alma
Passos silenciosos sobre quem rasteja
Brindemos aos podres intelectuais
Aos verdadeiros mentirosos
Brindemos aos injustos que injustiçam o próximo

Brindemos aos que sugam tudo
Brindemos à humildade dos que oferecem seu sangue aos vampiros
Brindemos a falta de amor e a falta de alimento
Brindemos a extinção da moralidade
Até que o mundo pare de girar

Sem comentários: