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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Carta - Do Adeus





Meu querido!
Agarro as lembranças das nossas falas de outrora, aguardando em silêncio que o vento me traga notícias suas. Como tarda chegar um sinal de tua presença, talvez não tenhas recebido nenhuma de minhas cartas.
Apesar de esta noite estar tomada pela escuridão, quando o nevoeiro dissipa, tenho a lua a dizer-me que em ti terei morada eterna. Quis sentir novamente os pés enterrados nas areias da praia, as ondas do mar banhando nossos corpos, o crispar da fogueira aquecendo as noites de aventuras... Nada por aqui, assemelha-se a nossa paisagem. As flores do jardim, o lago espelhando o azul celeste, doce laranjeira, pão fresco saído do forno a lenha, nossos risos, tua música, minha dança...
Continuo minha caminhada, pés no chão, na relva macia. Já é tarde, por certo nesta esta hora estais dormindo no leito que um dia partilhamos. Ah! Como eu gostava de levantar meio a madrugada e contemplar teu corpo descoberto a descansar sobre os lençóis desarrumados, aposto que jamais soube disto, não é? Meus dedos dedilhavam suavemente teu dorso...
Como dói acordar deste sonho... Meus lapsos de memória teimam em me assombrar, mas hei de superá-los. Dia a dia, sigo em frente nesta trilha desconhecida, e feito miragem, vejo-te convidando-me a continuar. Apenas não sei quando estou em minha sã lucidez, ou quando vagueio em minha loucura. Vou assim duas em uma, ou talvez você em mim.
Por que escrevo? Não sei ao certo, talvez por querer acreditar que há alguém que me aguarda a chegada. Querido, voltei a cuidar da alimentação do meu corpo, sei que é preciso, pois do contrário, será impossível resistir a caminhada. Perdoa-me novamente, pelas tantas vezes que deixei tomar-me pelo desespero. Quero em todo momento acreditar nas palavras que deixaste impresso em meu coração. Apenas em alguns momentos, penso terem sido elas fruto do meu desejo, mas saiba, meu desejo por ti aumenta a cada dia.
Desconheço o destino deste caminho que estou trilhando, mas estou certa de que de um modo ou de outro chegarei até você. Apesar das densas nuvens e da completa escuridão, pela primeira vez não me atemorizo. Simplesmente caminho, nutrida pela saudosa melodia que o dedilhar de teus dedos faziam  soar do violão. Ah, meu querido, tuas canções precisam ser levadas ao mundo, para espalhar a semente do amor que maestrinamente compõe... Canções entoadas por cordas abençoadas, canções que me dizem que o amor existe, canções, doces canções que mantêm você vivo dentro de mim.
Meu caminho segue o rumo imprevisível em busca da fonte que traga o mar a brilhar novamente em meus olhos secos...
Daquela que um dia foi sua...


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