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terça-feira, 14 de maio de 2013

Eram ramos de rosas

Eram ramos de rosas
Cardos de espinhos
Relinchando cobras
Eram serpentes desertas
Venenos e ferroes

De feridas de sortidas
Cavalgando sobre glórias
Satíricas antepassadas
Eram lanças entregues aos tempos

Moinhos parados
espera dos ventos
Sussurros e sopros
Vozes roucas
Línguas dissolvidas

Acidas chuvas
De pensamentos bastos
Em vasos quebrados
Raízes brotadas

Arrancadas pelos secos corpos
Eram eles
Eram elas
Correndo descalços
Sobre as poças

As lamas da juventude
Eram todos
Sorrisos abrigados
Pela ternura que já não volta

Eram sapatos sem cordões
Velhos no jardim
Num banco de cartas
Acordeões de galos cantantes

Era elas e eles
Era o amor ao amanhecer
De cada vida
Eram eles e elas
Sem medo de nada perder

Eram fortes
Com sangue nas veias
Limpando poeira
Aventurando cada fronteira

Eram paixões
Vinhos e verões
Mulheres de saias
Barões e lampiões

Era-mos nós na primeira vez
Que abrimos os olhos
Para um mundo sem igual
No hoje relembro apenas
Que já tive toda a força no mundo na mão

Era ele era ela
De cana na mão
Pescando cada nova sensação
Salivando cada novo paladar

Eram singelas janelas
Pintadas de aguarelas
Madeiras ilustradas
De vernizes lacradas

Eram eles de rosas na mão
Chamando atenção
Em cada pé de dança
Em cada salto do chão

Eram elas
Eram eles
Era ele
Era ela

Com o condão
Da vida pendurado
No coração
Qual amuleto
Nesse grande paixão
Eram descobertas

Que me trouxeram
Ate ao dia que então
Pude finalmente respirar
E era só eu na basta miragem
Da solidão

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