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quinta-feira, 20 de junho de 2013

O corpo não dormia

A cabeça estava deitada mas o corpo não dormia
Se eu apenas soubesse nunca guardaria o que não falei
O corpo estava deitado mas a alma doía
Se eu apenas soubesse nunca falaria o que falei

Se as cicatrizes falassem o corpo dobraria
Se eu apenas soubesse nunca escreveria o que não escrevi
Se alma apenas pudesse logo de mim sairia
Se eu apenas soubesse escreveria tudo que deveria

A cabeça estava pesada mas nem sequer pensava
A alma estava dobrada quebrada
Assaltada qual casa assombrada
De porta arrombada

A cabeça estava deitada
Na esperança de na paz poder descansar
A alma estava pesada
Cansada de em vão sonhar

A pele gelava entre tanto calor
O passo retardava
E quem adormecia era o amor
Sobre quem já não amava

Os ossos gemiam
Dentro de uma carne sem ossada
De dor levantada
Sem cortina
Todos os ouviam

Era a palavra
A frase esquecida
De estrofe rasgada
Em passo mal dirigida

Era corrida marcada
Sem ponto nem chegada
Desgosto, choro
E riso sem agoiro

Erros e falhas
Cães que ladram
Puros canalhas
Pecados que enganam

E eu? Eu deitava cabeça que já estava deitada mas o corpo não dormia
Se eu? Apenas soubesse o que sempre soube, Nunca guardaria o que não falei
O corpo estava deitado sobre o corpo já de si deitado, mas a alma doía
Se eu apenas soubesse nunca falaria o que falei, e eu sabia!

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