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sábado, 11 de janeiro de 2014

E se eu fosse poeta la saberia amar

Não te sei escrever
Na tinta que cobre o papel
Nem ouvir- te dizer
Ninguém me ouviu

Trabalharem-mos então dia e noite
Entre as formigas
Talharemos então o amor
Afastando o inverno

Fare-mos círculos e fogueiras destintas
E cantaremos a um anjo qualquer
Desses caídos, sem redentor
Faliremos línguas extintas

E dançaremos sobre a lua do poeta
Aquela de porta aberta
Que nos aproxima de um amanha
De lábios húmidos, não omitiremos mais os beijos desejados

Seremos lembrados pelo verso
Que a alma teceu
E esquecidos pelo que o corpo rompeu
Quais reis do nosso universo

Despojaremos vontades
Subindo montanhas
Para largar saudades
Arrancando as entranhas

Visitaremos o sol
Num dia nocturno
E faremos da viajem
Um ponto de passagem

Unificando todos os eus
Num só eu
E se a terra tremer
Que se abre então

Engolindo tudo que nos resta
Do eu
Do tu
E dos eus

Sobraria então uma pequena desunião
Unificada em prontidão
E o lamento nada mais seria
Que uma história para contar

Em versos descartáveis
Em quadras populares
Em dias de festa
Erguendo mais um altar
E se eu fosse poeta la saberia amar
Ou escutar uma nova melodia para cantar
De boémio ao copo levantar
E as saias das moças ver girar

Mas se fosse poema
Na alma que bombeia
Da medula ao coração
Saberia então o que rascunho
Com tanta emoção
e te escreveria sem tinta no papel
apenas com o dedo em tua pele

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